sábado, 14 de abril de 2012

Conto-Sonho: Falta de Humanidade

Conto-Sonho:
Falta de Humanidade


Minha mãe e eu chegamos ao terminal de ônibus da cidade. Muitas pessoas estavam lá. Naquele dia estava tudo muito esquisito. 


Parecia um dia da terra de ninguém. 


Caos. 


Lá encontrei vários colegas da faculdade. 

Minhas amigas, dois amigos que eram namorados e por estranha coincidência uma colega de trabalho que eu nem sabia que conhecia meus colegas. 

Fiquei chocado com o que aconteceu a seguir: terminal lotado; empurra-empurra... 

Um burburinho tomou conta da multidão após um ônibus chegar ao terminal depois de quase uma hora de espera. 

Um grito de agonia e logo percebi que um jovem rapaz agonizava debaixo do ônibus, com um dos pés presos na roda dianteira do veículo. 

O mais chocante e cruel de tudo daquele atropelamento ainda estava por vir. 

O motorista abriu a porta e a multidão começou a entrar no ônibus. 

O garoto chorava urrando de dor. 


Algumas pessoas abaixadas em volta do ônibus observavam a cena. 

Algumas imploravam para que o motorista fechasse as portas, para que as pessoas descessem do ônibus. 

Não adiantou. 

O jovem parou de gritar. 

Eu, abaixado assistia aquela cena grotesca; aquela falta de humanidade sem medida. 

Um aperto danado no coração diante da minha incapacidade de fazer alguma coisa por aquele pobre garoto. 

Ônibus cheio.

O motorista deu partida e saiu. 

A roda traseira passou mais uma vez passou por cima do pé totalmente esmagado do garoto.

Haviam se passado dez preciosos minutos. 

A multidão restante desceu da plataforma e se colocou em volta do corpo do menino. 

Eu, ali parado, abaixado, vi o cadáver do menino, uns treze ou quatorze anos, empapado com seu próprio sangue, pé direito esmagado, cabeça virada na minha direção, olhos vidrados e boca aberta. 



Aquela cena aterradora me fez chorar compulsivamente, pensando mil coisas, com raiva e angústia, pesar e dor... 

Perguntava a Deus: 

“por que tanta falta de humanidade e crueldade com esse pequeno ser humano?”





POR



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Cristian Chocolath