sábado, 11 de fevereiro de 2012

O Anjo Ceifador - Parte I

O Anjo Ceifador


Parte I



ra por volta das dez da noite quando sai do prédio da universidade. Estava em prantos, desesperado pelo dia de amanhã. Era dia da fatídica prova de uma matéria que vinha me atormentando como um espírito obsessor nos últimos tempos. Minha vida parecia estar desabando como um castelo de cartas ao vento. Eu estava mal. Minha vida estava mal. Havia perdido uma pessoa a quem considerava afetuosamente extremadamente. Fui abandonado. Fui traído vilmente. Se não bastasse isso para completar meu infortúnio, minha vida acadêmica começou a declinar. Não conseguia estudar. Não conseguia superar... Aquilo tudo não saia da minha cabeça; não conseguia simplesmente esquecer e seguir em frente como em tantas outras vezes. Tudo que eu sentia continuava lá e já fazia algum tempo. Não era normal continuar naquele estado. Aquilo me matava lenta e sutilmente.


Naquele dia estava completamente desestruturado. Ou tirava nota máxima no exame do dia seguinte ou reprovaria e perderia o ano inteiro, agravando a minha moribunda situação. Ao cruzar os portões da universidade não sabia o que estava a minha espera. Não tinha ninguém por perto. De repente parei, encarando a avenida sem movimento. Um frio cortou meu corpo. Um nó gigantesco trancou minha garganta. Faltou o ar para respirar. Meu corpo inerte, sufocando. Era como se estivesse sendo enforcado por uma gelada e invisível mão. Sufoquei até não suportar. Debilmente, num último esforço senti minhas mãos tateando o ar na minha frente. Vi o que estava me sufocando por uma fração de segundos. O nó foi desfeito. Cai no chão...

Já se passava da meia noite quando acordei no hospital. Estava deitado e num impulso repentino sentei-me na cama. Não tardou e meus pais chegaram. Não tinham cara de contentes. Minha mãe em um misto de preocupação e raiva, ao que me pareceu. Meu pai firme e inflexível. Deram-me alta por minha insistência em ir para casa para poder estudar. Estava me sentindo muito bem. Tive uma parada cardiorrespiratória. Meu coração por um fato inexplicável parou de bombear sangue para o corpo e com isso senti a falta de ar; ao desmaiar recobrei espontaneamente a pulsação cardíaca e a respiração. Fui medicado e liberado. Os médicos estranharam um garoto de apenas 20 anos como eu sofrer de um fenômeno como este. Fosse o que fosse, não poderia negar o que meus olhos viram antes de ficar inconsciente: uma figura alta, com sua longuíssima e negra capa, com capuz que ocultava seu rosto, seu braço robusto segurava-me firme pelo pescoço, quando movimentei as mãos no ar por um instante toquei-lhe no braço que me acometia. Senti algo estranho. Vi um brilho perpassando o metal curvo e laminado que aquele Ser trazia na outra mão...







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Cristian Chocolath