domingo, 20 de março de 2011

Breve História de um Jovem Interessado: A História Continua – Parte 2

Breve História de um Jovem Interessado
A História Continua – Parte 2
(Baseado em Fatos Reais)


Não tive muitas outras oportunidades criadas pelo destino. Tive que criar as minhas... Três dias depois da primeira tentativa frustrada, eu me vi novamente encorajado a tentar. E a missão kamikaze continuava. Dessa vez estava mais motivado a entregar as missivas que havia redigido. Não ia desistir sem receber uma resposta em definitivo.


Estava eu, sentado, no mesmo lugar, do mesmo jeito da vez anterior. Dessa vez com menos medo e meu sistema nervoso central estava sob controle, pois eu estava no comando. Com as duas cartas na mão, eu o vi se aproximar... Daquele jeito único, que atraiu a minha atenção. Ele passou e me cumprimentou. Eu cumprimentei em resposta, doravante, não fiz nenhum sinal de cumprir a minha missão. Parecia como aqueles carros velhos que resistem em dar a partida na primeira tentativa. Resisti. Não sai do lugar. Sentado, pensei por alguns segundos. Precisava tentar de novo. Dei a partida e o carro ligou, ou melhor, me levantei, disposto a falar com ele, a entregar o que havia escrito.


Naqueles breves segundos em que demorei um abismo terrível se abriu entre ele e eu. Descobri outra qualidade do cidadão: fôlego de um atleta. Ele andava muito rápido e estava há uns quinze metros a minha frente. Liguei o turbo, engatei a quinta marcha e andei o mais rápido que pude, quase correndo. Diminui a distância entre nós dois. Cheguei a ficar uns sete metros dele, olhando-o de costas, caminhando normalmente – o que para mim era rapidamente. Podia simplesmente correr e alcançá-lo ou chamá-lo pelo nome. Seria mais prático, mas na hora não me ocorreu essa idéia. Estava cansando, energias se findando. Ou era agora ou nunca. Tomei coragem para me dispor a correr, mas antes que o fizesse, ele atravessou a rua, rumando em direção ao seu bloco. Fiquei abobalhado com tal fato que tudo que consegui foi continuar andando em frente.


Andei um quarteirão enorme investindo em persegui-lo, novamente, sem sucesso absoluto. Entretanto, tinha avançado, afinal, deixei de ficar parado olhando-o, para agora segui-lo. Não me dei conta naquele instante, mas será que ele havia percebido que eu estava em seu encalço?! São coisas que nunca irei saber...


Dois dias depois, coragem renovada. Estava pronto para outra tentativa. A tentativa final. Pus em minha cabeça que se não conseguisse encará-lo de frente, com hombridade, não iria conseguir fazê-lo nunca mais. Não criei situações para assim fazê-lo, e muito menos fui atrás para tentar falar com ele. Alguma coisa me dizia naquele dia que tudo fluiria ao meu favor. Dito e feito. À noite, estávamos no mesmo evento. Estava mais calmo, mais tranqüilo e mais seguro de mim. Cruzei com ele várias vezes pelos corredores; entre as minhas idas e vindas, entre trabalhos e conversas, topei com ele no corredor, desacompanhado. Era a minha chance. Ele me olhou e esboçou um sorriso nos lábios e ao passar por mim chamei sua atenção e disse que queria falar com ele depois, ele apenas concordou com a cabeça, meio surpreso, mas ainda com aquele ar risonho na face.


O evento estava quase acabando, quando eu passei por ele novamente, dessa vez ele que me abordou, perguntando se poderia falar com ele naquele instante. Cordialmente ele me conduziu para fora do corredor, do lado externo para que conversássemos. Com ar de curiosidade ele me olhou. Eu comecei a falar, desconcertado. Havia uma dúvida que me aplacava desde que essa história começou. Perguntei a ele porque ele sempre me cumprimentava ao nos vermos na faculdade, mesmo sem nos conhecermos. Ele respondeu que era porque ele estava fazendo algumas disciplinas do meu curso e sempre me via por ai, por isso me cumprimentava. Engoli a resposta, embora não estivesse convencido com a mesma. Na sequência eu disse que estaria dando dois tiros nos pés, e entreguei as duas cartas que havia escrito. Ele me tranqüilizou, disse que leria e depois conversaríamos. Não foi tão ruim encará-lo. Fiquei fascinado por finalmente comprovar que ele era realmente aquilo tudo que eu imaginava. No final da noite, quando estava indo embora, minha alma gelou. O encontrei na saída. Será que ele já havia lido o que escrevi para ele? Quando ele me viu apenas sorriu e me cumprimentou, acenando positivamente com o polegar em riste.


Se pudesse, protelaria nosso próximo encontro e a resposta, que ele iminentemente me daria. Por mais que mantivesse uma centelha de esperança acesa, sabia que provavelmente me entristeceria com o desfecho dessa história. No dia seguinte, a fatídica resposta veio. Ele, polidamente, me chamou para conversar e disse que a possibilidade de rolar algo entre nós não existia, entretanto poderíamos ser amigos. Fiquei num misto de júbilo e pesar. Não esperava tanta decência, educação e sutileza de um cara que estava literalmente me dando um fora. Entretanto, fiquei feliz. Estava prestes a ganhar um bom amigo...


Pensei que ia ser fácil superar e começar a vê-lo com outros olhos; com um olhar de amizade. Entretanto não foi e ainda hoje não está sendo. É difícil tentar esquecê-lo, encontrando-o a todo instante... Mas ainda assim, vim tentando, sem sucesso, confesso. Foi tentando esquecer que me perdi mais ainda nesse sentimento. Aconteceram várias coisas, as quais de certa forma me contrariam a continuar tentando. Decidi me afastar e evitar cumprimentá-lo e olhar para ele. Estava cansado de ignorar. Ele ficou ciente da minha decisão e deu aval para que fizesse o que fosse melhor, reiterando a idéia de que uma futura amizade estaria em pé ainda. Ainda hoje, quando topo com ele pelos cantos da faculdade, sinto em seu olhar um Q de espera, dando a entender que ele espera que eu o cumprimente... Enfim, não sei o que fazer e o que pensar...


Esta história continua num próximo post... 


Escrito em Agosto de 2010 
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Cristian Chocolath