domingo, 22 de maio de 2011

[1x06] WINGED - nas Asas da Paixão

Capítulo VI
With Wings Wide Open



Apreendi a não perder a consciência quando meu corpo era levado a diminuir ao máximo a minha freqüência cardíaca, minha respiração e todas as minhas funções vitais e não vitais. Meu corpo entrava em stand by e ficava nesse estado de catalepsia induzida até chegar ao mínimo de minhas reservas bioquímicas. Eles precisavam de tempo em tempos nutrir meu corpo, com fortes substâncias. Sentia extremas dores quando estava desperto. 



Na última noite, preferi estar naquele caixão, ocupando meu lugar de direito, tamanha a dor que sentia. Minhas costas ardiam em brasa, irradiando a dor para o resto do corpo. Minha cabeça pesava muito e eu não conseguia respirar. Era como se eu estivesse queimando dentro de um enorme aquário com água.

Não mencionei isso, mas cinco dias após a minha morte oficial, quando senti mamãe e papai pela última vez junto comigo, fui submerso em um enorme tanque com água. Minha catalepsia estava muito instável e por medidas de segurança me inseriram, seminu, numa gigante redoma d’água, para amenizar os males que a mutação causava em meu corpo. Senti uma grande melhora submergido dentro do tanque. Meu corpo estava completamente relaxado. Toda noite Sophia vinha me ver, mesmo aparentemente inconsciente, ela conversava comigo. Sabia que eu estava ouvindo... Passei algum tempo, não sei quanto exatamente, nesse aquário d’água, inerte, semi-consciente, até o dia que senti a presença de Sophia; fiquei feliz, entretanto ela não estava sozinha...


DOIS MESES DEPOIS.


22 de Maio de 2011

Sophia adentrou a câmara acompanhada de outros quatro médicos, Dr. Montenegro – responsável pela clínica e o presidente da Liga Médica de Aprimoramento Genético e seus dois auxiliares.

- Bem-vindo a vida, HW187! – disse o médico, que era o presidente, se aproximando do jovem rapaz que havia sido retirado de dentro da câmara liquissensorial.  O doutor estendeu uma toalha, oferecendo ao jovem, que a tomou nas mãos.

Era o terceiro mês de Michel naquele lugar. Faltavam quatro para estar maturo. Enxugou o rosto. Era excelente sentir oxigênio nos pulmões absorvidos pelas narinas. Um membro estranho do corpo do jovem rapaz se movimentou. Os médicos ficaram pasmos e maravilhados com a rigidez e a perfeição do órgão. Michel se espreguiçou, secando-lhe o membro exposto. Naquele dia estava renascendo para um novo ser, uma nova vida... O velho Michel estava morto e enterrado. Nascia agora Michel HW187.



Nas semanas que se passaram fui mantido numa intensa rotina de exercícios e de fisioterapia. Tinha que me reacostumar com meu novo corpo, sobretudo, com meu novo órgão. Sophia sempre era gentil e atenciosa comigo, diferentemente do Dr. Montenegro e de alguns outros médicos. Porém, naquele dia Sophia estava diferente, estava frustrada, por que já se passaram duas semanas e eu ainda não havia dado sinais de que dominava o dom que havia ganhado. Não via mais aquele lindo sorriso há alguns dias. Sophia olhava para mim, querendo mais, muito mais de mim. Tudo que eu podia fazer era tentar. Tentar, sem conseguir.

No dia seguinte fiquei com raiva, pois o olhar de Sophia estava me irritando cada vez mais. Almoçamos juntos e depois fomos para seu escritório. Eu sempre jogava no computador dela, para aliviar a tensão. Ela tinha baixado alguns jogos para que eu me ocupasse nos tempos livres. Fui para minha maratona de sessões e para minha surpresa, Sophia não acompanhou nenhuma delas naquele dia. Voltei para o meu quarto, tomei banho e ainda com o corpo molhado, somente de bermuda, fui ao escritório da Dra. Sophia. Ela não estava. O computador estava ligado, sentei-me e visualizei a tela, onde uma página de pesquisa estava aberta. Levei a setinha até o botão de fechar; não cliquei. Direcionei para a barra de busca e escrevi.

Caiel

E cliquei em pesquisar. Apareceram vários resultados. Meu coração bateu mais forte, meu sangue começou a circular rapidamente por todo o corpo enquanto buscava com meus olhos ansiosos. Encontrei. Caio Rodrigues – CAIEL.

- Michel?! – disse Sophia surpresa, parando de surpresa na entrada do escritório. Fechei rapidamente a página. – Você conseguiu! – disse a médica, sorrindo.

- Consegui o que? – perguntei, ainda mais surpreso.

- Olhe você mesmo... – disse Sophia, gentilmente.

Olhei por cima do ombro. Tinha finalmente conseguido... Estava com as asas bem abertas...






















Nenhum comentário:

Postar um comentário

Gostou desse post? Deixe sua reação e aproveite para publicar seu comentário.

Obrigado.

Cristian Chocolath