domingo, 29 de maio de 2011

[Season Finale][1X07] WINGED - nas Asas da Paixão

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Capítulo VII
First Flight

Todos estavam surpresos com minha apreensão súbita da coordenação das minhas asas. Agora conseguia sentir cada osso que constituía as minhas asas, da tabula aeris, passando pelo úmero, ulna e rádio até a última vértebra alis nas extremidades das minhas asas. Sophia estava radiante. Nunca um Homo winged tinha se desenvolvido tão rápido na história de todos os experimentos já feitos pela LiMAGen – Liga Médica de Aprimoramento Genético. Era o meu quarto mês na clínica.

QUARTO MÊS

Já conseguia abrir minhas asas completamente. Minha asa desenvolveu-se rapidamente, cada semana crescendo mais. As penas eram lindas, grandes e macias. Elas, que antes eram alvas de tão brancas, ganharam uma coloração azulada, devido alguns medicamentos que ainda estava tomando. Essa era a parte ruim, os medicamentos e as várias picadas de injeção que eu levava para manter e nutrir meu corpo enquanto eu não adquiria autonomia na minha dieta alimentar. Fora o desconforto da medicação, eu estava excitado com tudo isso...

QUINTO MÊS

Minhas asas ficavam mais fortes a cada semana. No quinto mês de maturação eu comecei uma nova fase do programa: aulas de vôo. Já tinha conversado superficialmente com Sophia sobre a LiMAGen, sobre seus experimentos, mas ela deixou a entender que eram privados. Sabia que existiam outros como eu, e foi no primeiro dia de vôo, que por uma fração de segundos, vi um deles. Um homem, forte, loiro, de asas muito brancas, com um toque dourado da refração da luz solar sobre suas penas. O vi rapidamente enquanto Sophia me conduzia pela propriedade, numa van. Chegamos numa grande clareira no meio da mata. Neste local passei algum tempo treinando minhas habilidades de vôo.

SEXTO MÊS

Mais uma vez Sophia começou a ficar frustrada comigo, pois não obtive grandes avanços nas aulas de vôo. Aprendi a me condicionar, correr e até planar, entretanto não conseguia bater as asas a ponto de alçar vôo. O olhar de Sophia mais uma vez começava a me irritar. Em uma das aulas me machuquei tentando voar; torci o tornozelo na aterrissagem. Fiquei uma semana e meia sem treinos de vôo, entretanto continuava exercitando constante mente as batidas de asas. Por um momento parecia que havia esquecido o motivo daquele salto qualitativo, entretanto não esqueci.

- Jogando de novo? – perguntou Sophia, ao entrar no meu quarto e me ver no notebook. Não estava jogando, mas sim contemplando o perfil de uma rede social.

- Sim... Assim eu distraio a minha cabeça... – menti, não muito convincente.

- Que bom... Vi os seus últimos resultados. Você tira sua bota amanhã e recomeça o treinamento daqui três dias... – disse ela, gentilmente sorrindo.

- Sophia... – precipitei-me, deixando o notebook de lado e mancando indo ao encontro da médica, dando-lhe um abraço. Minhas asas envolveram Sophia numa espécie de casulo – Obrigado... Por tudo!disse por fim.

A doutora, que era muito mais que uma simples médica que me acompanhava, me deu um beijo terno, sorriu, se desvencilhou dos meus braços e saiu.

SÉTIMO MÊS

Voltei aos treinos com ânimo renovado. Tinha a certeza de que conseguiria voar logo, logo. Certa madrugada, não conseguia dormir, estava naquela mesma página daquela rede social. Resolvi criar uma: fiz um perfil falso, voltei à página que estava e adicionei como amigo. Uma vontade súbita tomou meu corpo. Minhas penas estavam ouriçadas e eu estava tomado por uma felicidade. Corri pelos corredores com toda a força que podia até o quarto de Sophia. Bati exasperado na porta do quarto, não poderia deixar aquilo pro dia seguinte: teria que ser naquele instante. Sophia abriu a porta alarmada. Ela estava só de camisola, linda. Pedi para que me acompanhasse e que trouxesse seu cartão de acesso. Corri com ela para fora da clínica, para um dos pátios. Ela liberou o portão ao átrio externo.

- Michel, que maluquice é essa?

- Apenas olhe.

Eu corri e dei um salto. Eu abri minhas asas e as bati fortemente. Ganhei altura e voei no céu escuro e estrelado. Vi Sophia incrédula lá embaixo. Eu estava voando. Voando perfeitamente. Senti uma grande alegria em meu peito. Ganhei mais e mais altura e não queria mais parar. O vento gelado da madrugada cortava meu rosto e eu continuava em frente, cada vez mais alto. Aquele era o meu primeiro vôo...









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Cristian Chocolath